O ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS MACACOS

Por Eduardo Kato, biólogo e professor de Gestão Ambiental do INPG

Estudando o comportamento dos saimiris, macaco de porte médio que habitam a Mata Amazônica ao longo do rio Orinoco, passamos a perceber que os animais não se constituem em simples seres ou bandos de seres aptos somente para a procriação, a alimentação e a defesa. Em verdade agem de acordo com regras sociais que incluem até as boas maneiras. Se não vejamos. Vejamos as observações trazidas pelos professores Detlev Ploog e Sigrid Hopf do Instituto Max Plank em Munique, Alemanha. 

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Os filhotes de saimiris, medindo cerca de 10-12 cm, vivem boa parte da infância "cavalgando" sua mães, aboletados sobre seus quadris. Um destes animais, passeando desta forma entre o bando de semelhantes, um dos filhotes roçou uma das mãos na pelagem do "chefe" do grupo. Esta atitude, descobriu-se depois, representa uma imperdoável grosseria entre estes animais - seria como dirigir-se à um estadista puxando-o pela manga do paletó. 

A reação do líder, no entanto foi curiosa. Ao invés de irritar-se com o filhote, passou uma "descompostura" em regra na mãe por ela não ter "educado devidamente" seu pequenino !
Até a idade de 4 semanas de vida, tudo é permitido aos filhotes saimiris. Durante a quinta semana a mãe começa o processo de educação nas questões de sobrevivência e de como conviver adequadamente com seus pares. Este processo dura geralmente até um ano, entretanto, aos 8 meses o filhote já passa a ser considerado uma nova "pessoazinha independente" responsável por suas atitudes. Seus atrevimentos são repreendidos até com uma moderada, mas inesquecível dentada aplicada pelo ofendido.

Outro fato curioso. Quando um pequenino é molestado por outro coleguinha procura diretamente a mãe do agressor para apresentar veementemente a "sua queixa". Entre os saimiris, o convencimento em situações de disputa, protesto, queixas e da conquista de parceiros, ocorre através da impressão deixada por um deles durante entusiásticas sessões de exibição de poses, gestos e sons de todo o tipo. 

Atitudes como estas, como a de dirigir-se diretamente para quem pode resolver a situação, trariam mais eficácia para nós humanos.

Quase sempre, as reclamações de nossas crianças sobre problemas na escola apresentadas às mães fazem acionar um confuso e complicado processo que envolve desde a direção da escola até os pais do importuno coleguinha numa sequência de ações sem consensos de parte alguma. Este caminho provoca freqüentes mal entendidos e várias situações de mal desproporcionais e desnecessárias entre os adultos.

Retirado de: www.curiosidadeanimal.com