Existe um animal imortal. Sabia?


Essa água-viva só pode ser morta por um predador - já que seu ciclo é "imortal" Foto: Wikimedia
                              Essa água-viva só pode ser morta por um predador - já que seu ciclo é "imortal"
                                                                                          Foto: Wikimedia
A expectativa de vida varia bastante entre os animais, e há inclusive um que não morre nunca - acredita? É uma água viva que habita a parte mais fria dos oceanos. Diferentes espécies de ostras vivem 50, 100 e até 400 anos. Há peixes, tartarugas e elefantes vivem mais do que os humanos, e estes, por sua vez, têm expectativa de vida cada vez maior.
A expectativa de vida dos animais dependem, muitas vezes, do seu metabolismo. Os que têm um metabolismo mais lento geralmente vivem mais. Veja, a seguir, 10 dos animais mais longevos.
Qual o animal mais longevo da Terra?
O animal mais longevo existente na Terra é uma água viva chamada Turritopsis nutricula, recentemente renomeada para Turritopsis dohrnii, que não morre nunca. Quer dizer, se só se ela for comida por outro animal. Ela é um celenterado e costuma viver nas águas mais frias dos oceanos. “Ela vive na forma de água viva, denominada também de medusa, quando adulta. Em um determinado período, que depende de individuo para indivíduo, ela volta para a forma jovem, que é um pólipo ou forma de anêmona - em cativeiro elas efetuam este ciclo em média 5 vezes ao ano”, explica o professor de animais silvestres da faculdade de veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leonardo Bôscoli Lara. 
“No caso da água viva, em vez do DNA programar a morte, ele programa a volta dela para o pólipo. É um comando do DNA para essa espécie”, afirma o professor. O processo de envelhecimento e morte está registrado no DNA de cada indivíduo. Na morte celular programada ou apoptose a partir de certa idade, os radicais livres produzidos no próprio metabolismo provocam injúrias cada vez maiores nas células, que se deterioram enquanto o envelhecimento progride, culminando na morte. A produção de radicais livres nos organismos, incluindo o do ser humano, ocorre principalmente na queima dos nutrientes que são ingeridos por mitocôndrias a partir do oxigênio respirado. “Portanto quanto mais afobada for a respiração e quanto mais alimento ingerir, mais radicais livres serão produzidos e mais rápido será o envelhecimento”, afirma Lara. Segundo o professor, esta é a explicação de por que os animais que respiram lentamente, comem pouco proporcionalmente e com metabolismo mais baixo tendem a viver mais.
Quanto tempo vivem as ostras?
A ostra denominada Arctica islandica, que habita regiões de águas muito frias - como o Oceano Ártico - vive, em média, 400 anos. Ela é um molusco bivalve. “Em águas mais frias, o metabolismo é bem lento. Daí, todos os processos são lentos e o animal acaba demorando para morrer”, explica o professor da veterinária da UFMG, Leonardo Lara. O professor diferencia as ostras comerciais das destinadas à alimentação. “As ostras comerciais, que produzem as pérolas, vivem, em média, de 50 a 100 anos. Já as ostras que são para a alimentação, geralmente são abatidas entre dezoito e trinta meses desde o seu nascimento”, explica. Qualquer corpo estranho em seu interior provoca a formação da pérola, mas quanto mais homogêneo for esse corpo estranho, mais redonda fica essa pérola. “Geralmente é introduzido um grão de areia bem redondinho dentro dela para a formação de pérola de qualidade”, explica.
Quanto maior uma tartaruga, mais ela vive?
As tartarugas marinhas também vivem muito. Segundo o professor da faculdade de veterinária da UFMG Leonardo Lara, as maiores geralmente vivem mais. “Existe um relato de uma tartaruga capturada em uma embarcação na década de 1990 que tinha escrito em seu casco o número 1492. Foi feita uma análise da tinta do casco e comprovou que foi escrito aproximadamente 500 anos atrás mesmo”, afirma.
Geralmente, as tartarugas marinhas demoram 25 anos para se tornarem adultas. Em zoológicos, elas costumam morrer de 120 a 180 anos. “Ela é um réptil quelônio e se alimenta tanto de peixes quanto de algas marinhas”, explica o professor. Os répteis quelônios têm a carapaça (parte de cima) e o plastrão (parte de baixo do corpo), e as duas partes se fundem e formam o que seria o “esqueleto” da tartaruga. “É como se a coluna formasse a carapaça, e as costelas, o plastrão”, esclarece o professor. 
Segundo o professor da faculdade de veterinária da UFMG Leonardo Lara, as maiores tartarugas geralmente vivem mais Foto: macraegi / Wikimedia
Segundo o professor da faculdade de veterinária da UFMG Leonardo Lara, as maiores tartarugas geralmente vivem mais
Foto: macraegi / Wikimedia
Tartarugas de ambientes mais quentes vivem mais?
Existe um relato comprovado sobre uma tartaruga de Galápagos com 255 anos. Ela também é um réptil quelônio e se alimenta com bastante frutas e verduras. Segundo o professor de veterinária da UFMG Leonardo Lara, a longevidade desses animais é uma consequência de seu metabolismo lento. 
As tartarugas de Galápagos estão entre as espécies observadas pelo cientista Charles Darwin e contribuíram para que, no século XIX, ele formulasse a teoria da evolução. Geralmente, elas medem cerca de 1 metro e pesam 250 quilos. As ilhas de Galápagos ficam localizadas no Oceano Pacífico, próximas do Equador. Diferentemente dos oceanos gelados onde vivem as baleias, a temperatura média da ilha varia de 21ºC a 30ºC durante o ano. De janeiro a junho, a temperatura costuma ir de 21ºC a 27ºC. Já de julho a dezembro, as temperaturas costumam variar de 18ºC a 23ºC, um pouco mais frio do que o primeiro semestre do ano. 
Tartarugas terrestres são longevas?
Com registro comprovado de vida de 188 anos, a tartaruga rajada também é longeva. Segundo o professor da veterinária da UFMG Leonardo Lara, há ainda relatos a partir de observação empírica de uma outra tartaruga rajada que teria atingido 256 anos, mas sem comprovação científica. “Ela é uma tartaruga grande, terrestre e ela é bastante encontrada em zoológicos”, explica. A idade das tartarugas é geralmente calculada com uma marcação. “No projeto TAMAR, do Ibama, essas marcações já ocorrem há mais de 30 anos”, explica. Entretanto, o professor critica, dizendo que apesar do belo trabalho do projeto Tamar, o sistema de marcações demorou para começar a acontecer no Brasil.
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