Sim, os portadores de duas doenças raras - a analgesia congênita e a síndrome da neuropatia sensitiva autonômica hereditária - são total ou parcialmente insensíveis à dor. Essas duas enfermidades são de origem genética e se caracterizam pela falta de sensibilidade dos nervos periféricos, responsáveis por transmitir as sensações de dor para a medula espinhal e, daí, para o encéfalo. Mas, se você pensa que as pessoas com essa condição levam vantagem sobre as demais - que passam a vida a sentir as dores mais variadas, como a topada de um dedão (ai!) -, está redondamente enganado.
De acordo com os especialistas, a dor é uma reação vital de alerta do organismo, servindo para nos proteger de agressões do meio, que poderiam ser fatais. Nesse sentido, quando sentimos uma dor, reagimos de forma a nos afastar da fonte que a está causando. Já os portadores dessas síndromes não. Como não têm o sinal de alerta do corpo, eles se machucam, sofrem fraturas e queimaduras com mais frequência, além de apresentarem infecções que só são detectadas em estágio avançado. Para piorar, a insensibilidade à dor costuma vir acompanhada de outros problemas, como dificuldade de deglutição, perda auditiva, apneia (falta de ar) e atraso no desenvolvimento mental.